terça-feira, 30 de junho de 2015

Humberto



 
Humberto me disse que nunca conseguiu amar ninguém. Foi ensurdecedor. Me disse isso e foi alimentar os pombos e dar alguns restos de comida para sua cachorra. Elegante, ele fez um caminho todo sinuoso para jogar os milhos no chão. "Não pode ser de qualquer jeito, moça!" "É preciso jeito até para jogar os restos".
Humberto que não amou ninguém, escolheu uma outra gramática para jogar os restos de si. Alguns nomeiam isso de amor, ele não.
São apenas pombos no chão de uma praça pública, uma cachorra como companhia e um sol escaldante na pele.
Apenas.
E tudo.

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